Brexit lança caos no mundo automóvel
Na sequência do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia (EU) soaram os alarmes. Entre as partes mais preocupadas estão os fabricantes de automóveis, que temem as novas taxas aduaneiras entre o Reino Unido e a União Europeia. Estas preocupações são ainda mais relevantes porque estamos a falar do segundo maior mercado automóvel da Europa logo atrás da Alemanha.
Outra das fabricantes de automóveis que se pronunciou foi a Opel, que declarou que era importante para a sua divisão britânica, a Vauxhall, continuar a fazer parte do Espaço Económico Europeu para beneficiar do mercado livre com a Europa, à imagem do que acontece com Liechtenstein, Noruega e Islândia.
Também a Aston Martin já veio a público afirmar que é fundamental o governo britânico assegurar um mercado isento de taxas entre o Reino Unido e os países da União Europeia. Os negócios da empresa passam a ser "orientados de acordo com a volatilidade que deverá existir durante o período de transição", garantiu Andy Palmer, CEO da Aston Martin.
Já os indianos da Tata Motors, proprietários do Grupo Jaguar/Land Rover, viram as suas acções cair 12%, a maior queda desde 2012. Recorde-se que a Jaguar Land Rover é o maior fabricante automóvel do Reino Unido e depende da Europa para a venda de 20% da sua produção global.
Já a Nissan, que está há três décadas no Reino Unido e produz 475 mil automóveis por ano no país, ainda não reagiu. Ainda assim, é curioso perceber que Sunderland, onde a Nissan tem as suas operações, foi um dos círculos eleitorais que votou a favor da saída da União Europeia.
A Coreia do Sul também é das partes mais atentas a este período de transição que irá preparar a saída do Reino Unido da UE. Preocupados com a possibilidade das importações passarem a ser taxadas com um imposto de 10%, a associação automóvel deste país teme que "os preços competitivos dos fabricantes coreanos no Reino Unido fiquem comprometidos face aos rivais japoneses e alemães que possuem unidades de produção no país".
Importância do mercado alemão
A Alemanha exporta cerca de 810 mil automóveis por ano para o Reino Unido, que se assume como o maior mercado de exportação para os fabricantes automóveis germânicos. Mas as ligações entre estes dois mercados não acaba aqui. É que a indústria automóvel alemã tem cerca de 100 unidades de produção em solo britânico, incluindo fornecedores, um número que de acordo com a VDA – Associação da Indústria Automóvel da Alemanha – até estava a crescer.
A Evercore, uma conceituada Consultora Financeira, aponta que as vendas de carros novos no Reino Unido vão descer 4,5% este ano (antes do Brexit as estimativas eram de que as vendas iam crescer cerca de 3%) e 10% no próximo ano, levando a uma queda da produção europeia de 2,5% já em 2017. Números alarmantes, que não deixam antever tempos fáceis para o mercado automóvel europeu.